sábado, 14 de fevereiro de 2009

não tarda aí o crepúsculo




corpo de mim minha árvore podada
a quem pela presença insistente do olhar
foi ofertada a multiplicidade do ser
corpo em misterioso jardim plantado
cujo tronco ergue-se solene e calmo
e seus ramos roçando o céu imitam
dedos amorosamente entrelaçados
corpo meu ergue a voz poderosa
que desde os tempos imemoriais
pune o silêncio e castiga a morte

deixa meu corpo que a palavra se solte
e que a palavra esvoace através do éter
e cruze em todas as direcções o esférico
semeando aqui e ali as fiadas de rosas
que apascentam os rebentos do real
e que muito ao lonje e lá no alto vão
ao real acrescentando novos lugares
só pelo poder que têm de designar


Filosofemas publicados no blogue "O Tremontelo" (2007)


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Canção do Bardo sobre a fuga da vida (25 de Junho)
Canção do Bardo sobre a proximidade do sobre-real (30 de Junho)
Canção do Bardo sobre a convocação do ser (11 de Julho)
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